Patricia

Há muitos e muitos anos, quando Henrique ainda estava em fase de crescimento (para cima e nao para os lados) diz a lenda que foi obrigado a comer um prato (profundo) de sopa de espinafre. Segundo ele, o trauma da sopa o perseguiu por muito tempo, e não houve argumento a la Popeye que o derrubasse.

ATÉ QUE, aqui em Aberdeen...

Laura e Henrique passeavam tranquilamente pelo supermercado quando decidiram experimentar as sopas de potinho que são vendidas. As sopas tem um preço ótimo, além de serem uma opção de refeição quentinha e saudável.

Para experimentar, adquirimos uma de Cenoura e "corriander"(seja lá o que corriander significa) e ficamos encantados. Seria a salvação da dieta!

Em outra visita a um restaurante/pub super charmoso do centro, resolvemos pedir uma sopa do dia e, para nossa surpresa, também estava deliciosa. Era uma sopa de cogumelos que nos conquistou na primeira colherada...

Vai dai que, na nossa ida seguinte ao supermercado, já estávamos totalmente destemidos com o assunto sopístico e decidimos (estimulados pela promocao 3 potes por 3 pounds) levar sabores mais ousados. Vieram para nossa casa "tomate com tres feijoes", "abobora apimentada"e "brocolis com queijo azul (blue cheese)".

Uns dias depois da aquisição, resolvemos começar nossa degustação sopal com a tal sopa de brocólis.

Ao abrir o potinho, eu já devia ter desconfiado que algo ia realmente mal: como é que era possível, aquela sopa CONGELADA, exalar um cheiro tão forte? Mas mesmo assim, prosseguimos. Pusemos o gelão de brocolis na panela, e mexemos (mais o Rico que eu, confesso), enquanto o negócio derretia... Durante o processo de derretimento, o vapor que subia nao deixava dúvidas: era mesmo uma sopa de brocólis, mas tãaaaaaaaaaaaaaaao de brocólis, que a gente começou a suspeitar que não ia ser possível ingerir. Pra ser sincera, já pedindo desculpas pela escatologia, era um pum de brocólis. Como aqueles arrotos fedorentos que deixam identificar o que a pessoa almoçou...aargh!

O cheiro começou a se alastrar pelo Ovo, chegando a me assustar quando eu estava distraída no quarto, ajeitando umas coisas.

Quando a sopa ficou completamente derretida e quentinha, o visual (imaginem um queijo mofado derretido e esverdeado) também não era animador, mas, até aquele ponto, nenhum dos dois tinha tido coragem de comentar que aquilo ali não ia descer (pelo menos não pelas nossas gargantas).

Ficamos olhando um pro outro.

-Experimenta.

-Eu não, experimenta você...

E nesse jogo de empurra, ele deu uma micro provada e eu, em seguida, também ousei por a ponta da lingua no negócio. Foi o suficiente para os dois. A ânsia de vômito foi automática.

Henrique se arrependeu instantaneamente dos anos de injustiça com a pobre sopa de espinafre. A sopa de brocólis é uma coisa REALMENTE horrível. Abominável. Incomivel, imbebível, intomável e enfim.

Achamos prudente jogar pela privada (imagina se o cheiro gruda na pia da cozinha?).

E pedimos uma pizza - gigante - pra tirar o trauma.